quarta-feira, 30 de junho de 2010

Musica Cores e A Luz



O que dizer sobre uma tarde de domingo regada a muita música, cores e luz? Essa foi, definitivamente, uma das experiências mais esclarecedoras já vividas por alguém que passou a vida procurando explicações lógicas sobre a existência do ser.
Um dia antes levava minha vida normalmente, e curiosamente, li um artigo sobre tecnologia num site de inovações que falava sobre os sons emitidos pelo Universo. Estes sons teriam sido supostamente emitidos por uma partícula chamada Bóson de Higgs, que segundo algumas teorias, seria a matéria iniciadora de tudo e todos os seres do Universo. O que chamou a atenção foi a Sonificação obtida pela maior invenção humana do séc. XXI, o acelerador de partículas, colisor de hádrons, ou LHC. Trata-se de uma invenção que dispensa superlativos, foram mais de 30 países envolvidos e tem ao longo de sua extensão 27km de um túnel em forma circular. Nele será possível simular o fenômeno da criação, chamado por estudiosos de Big-Bang. Alguns supostos sons foram simulados e, para meu espanto, remeteu-me imediatamente à imagem de algum tipo de ritual, com harmonias bem definidas e dentro de um campo musical harmônico perfeito!
Aquilo me chamou muito a atenção, na mesma hora surgiram até algumas ideias de projeto para a faculdade, já que estou no 8° período do curso de Ciência da Computação na Univap. Então iniciei algumas pesquisas no Google sobre Sonificação de dados e encontrei algumas referências muito interessantes ao assunto. Fazia um paralelo das 7 notas musicais e as 7 cores secundárias a partir do espectro visível de Luz visível aos humanos e as notas audíveis. Em outras palavras, atribuía uma Cor respectivamente a uma Nota musical. Isso é fisicamente possível, pois os comprimentos de onda são equivalentes numa pequena parcela. Assim temos alguns exemplos como:
·         LA: Verde
·         RÉ: Azul

Caraipora? Não te lembra de folclore? Nenhuma semelhança é mera coincidência!
Então era verdade! A música se harmoniza perfeitamente com as cores! Algumas pessoas, que tem maiores percepções sensoras, são capazes literalmente de ver as músicas a partir das cores. Logo iniciei alguns treinamentos para desenvolver tal habilidade, mas logo parei, pois requer muita concentração e meus olhos já pesavam de sono. Aliás, já havia passado por uma entrevista com a coordenadora Bárbara, e até uma SITCOM aconteceu, pois estava muito apertado e fiquei sem graça de interrompê-la, mas foi inevitável, ou eu ou a entrevista! Seria no dia seguinte, então, quando me iniciaria no tal ritual espiritual, recomendado por um amigo, Vinícius.
Acordei no Domingo, dia 27/06/2010 e nem precisei de despertador! Tomei um café bem reforçado, um banho e logo me dirigi ao local de encontro. Chegando lá, um pouco tanto adiantado, talvez fruto da normal ansiedade e medo do desconhecido, conheci duas pessoas, Luis e Rê. Estavam junto com o já conhecido Pierre que logo distribuiu algumas tarefas entre agente. Confesso que aquilo me deixou um pouco incomodado, pois já me acostumara a dar ordens e não recebê-las em meu cargo de coordenador. Mas fui humilde e ajudei-os a levar a lenha e recolher as laranjas podres do quintal. Assim foram chegando os demais integrantes do grupo, Marcos, Alê, Mirela, Marcela, Edna, Rê(2) rs, César e todos foram muito receptivos à minha presença, já que era um novato!
Pouco mais após o meio dia todos estavam dispostos em seus lugares, colocados circularmente ao redor de uma fogueira, vários instrumentos inusitados estavam também organizados no chão, logo ao centro da roda. Então a coordenadora ligou a música do notebook! Aquela música indígena soava perfeitamente como se tivesse sido entoada dos instrumentos ali postos e o mais impressionante foi que logo me lembrei dos artigos lidos no dia anterior sobre Big Bang e Sonificação! A música tocava em perfeita harmonia às decorações do ambiente ali preparado. Muitas cores, budas, xamãs e símbolos, que para mim só enfeitavam melhor o ambiente. Assim iniciou-se o ritual com a veneração da sagrada bebida e logo sua ingestão!
Passaram-se 40 minutos ou mais e ainda não havia sentido nada mais além de uma leve tontura. Ao contrario de meus novos colegas que já estavam todos sentindo a Borracheira, o nome dado quando se tem o efeito das substâncias. Muitos passavam mal, outros choravam, alguns caminhavam e eu continuava ali sentado e com muito frio, por conta da queda de meu metabolismo. Lembrei-me que ainda bem que havia levado minha manta! E logo a coordenadora anunciava o final da primeira etapa do ritual, dizendo que seria possível aos interessados uma repetição da dose. Naquela hora fiquei enormemente frustrado porque estava sendo transmitidos dois grandes jogos da copa do mundo hehe, Alemanha x Inglaterra e Argentina x México, pelas oitavas de final! Foi então que decidi que iria até o fim com aquela experiência e resolvi repetir a dose do chá.

Sentei-me em meu lugar e fechei meus olhos. Aos poucos ia me concentrando, mais e mais, sem perceber estava num estado de profunda concentração e paz! Alguns minutos antes um colega havia retirado uma carta, que foi citada. As palavras ali citadas serviram de instrução para que eu pudesse atingir aquele estado. Sem que eu notasse algumas flores afloravam em minha mente. Flores de cor branca, todas ao mesmo tempo, sincronizadamente e um clarão tomou conta de minha mente! Naquele momento estava totalmente entregue ao desconhecido, aquilo que havia duvidado e temido. Havia encontrado A Luz. Realmente foi uma sensação muito boa e diferente! Um bem estar jamais sentido na minha vida! Impressionante! Mas o lado difícil veio na mesma moeda, percebi que minha mente estava totalmente dividida de meu corpo, ou seja, como se meu corpo tivesse morrido e predominava somente a consciência. Parecia que eu estava ha uns 500 metros de altura! Todos os sinais cerebrais enviados aos músculos demoravam uma eternidade para chegar ao destino, assim como sua volta. Deste modo a sensação era de que 1 segundo levava 10 minutos que estamos habituados a perceber. O relógio estava muito lento, todas as imagens, pensamentos, visões eram muito lentas! E o tempo foi passando, mas minha consciência continuava cética às reações que havia visto até então, como vômitos e choros. Foi neste instante que percebi que lágrimas frias escorriam no meu rosto! Fiquei em choque e tentei de todas as maneiras sair daquele estado, mas era tão profundo que não conseguia sequer abrir os olhos. Foi depois de muita insistência e quase desespero que consegui realizar alguns movimentos, mas eram de inclinação para o lado, pois estava com muitas náuseas. Então foi debaixo de um pé de goiabeira que conheci a Peia, nome dado às situações difíceis passadas durante o ritual! Ali me limpei deixando tudo aquilo que me incomodava e logo fui acolhido pela coordenadora. Ufa! Estava livre daquela situação, mas os efeitos continuavam como calafrios, queda de pressão e estava totalmente atordoado! Não entendia como eu, um cético todo embasado em lógicas havia passado por aquilo sem ter explicação alguma!
Após o fim anunciado da seção, iniciou-se a cantoria regada a muita música de batuques e violão! Aos poucos o povo foi se recompondo e a felicidade tomou conta da energia do local. Um breve lanche foi feito, onde tentei procurar algumas explicações sobre o acontecido, mas quanto mais perguntava mais dúvidas vinham.
Deixei o local me despedindo de todos e fui para casa com uma dor de cabeça enorme, pois não havia obtido uma resposta plausível para os fatos. Em casa agi normalmente, conversei com alguns amigos no Messenger e logo fui dormir com aquela incômoda dor de cabeça!
Somente nos dias seguintes que fui entender o significado das dores e daquela Peia que havia passado. Então minha dor de cabeça desapareceu de modo que ia amadurecendo minhas ideias. Isso somente depois muita pesquisa sobre o assunto e algumas explicações científicas relacionadas.
Resumindo tudo, foi uma experiência de total sintonia entre a Música e as Cores iluminadas por muita Luz!

Referências:
Thiago Luiz M Barreto